Dias felizes para Jóhann Jóhannsson, que depois de ganhar um Golden Globe (não se deve traduzir estas coisas, por favor) há semanas, com a sua banda sonora para “A Teoria De Tudo”, de James Marsh, vê-se nomeado para um Oscar (idem), elevando o seu estatuto a um nível planetário com o correspondente reconhecimento de pares e críticos. Esta tem sido parte substancial da sua obra recente e “I Am Here”, de 2014 mas com estreia comercial para este ano, é mais uma composição para cinema, aqui com a ajuda de BJ Nilsen, que com ele colabora pela primeira vez – Hildur Gudnadóttir é uma das convidadas. Obviamente que a parte orquestral é criada por Jóhannsson, e a parte electrónica por Nilsen, mas a fusão destes dois mundos é feita com imensa inteligência e, reconhecendo trabalhos antigos do islandês, não dá para traçar a linha da divisão com plena certeza: tudo coexiste num plano próprio. Música ambiental, emotiva como cristais de gelo a desfazerem-se ao sol, “I Am Here” é um álbum lindíssimo e tocante, longe das partituras (e discos) das bandas sonoras tradicionais – demasiado bom para ganhar prémios, não é? Edição apenas em LP e de tiragem limitada. A não perder.
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Banda-sonora para um documentário de Max Kestner, “Copenhagen Dreams” é uma espécie de novo disco de Jóhann Jóhannsson, ao mesmo tempo que é uma entidade que vive dentro do próprio filme. Ouvido separadamente, é um alinhamento de temas únicos, onde o piano aparece em modo lírico e a voz, quando há, é uma espécie de presença fantasmagórica que entra na engrenagem como uma espécie de poema. E apesar dos múltiplos temas, alguns curtos, outros menos, “Copenhagen Dreams” é, desculpem a facilidade da coisa, uma sequência onírica, um passeio pelos sonhos de sons criados para sonorizar imagens. E sem elas, Jóhann Jóhannsson conseguiu criar as suas próprias neste magistral leque de canções. Edição muito bonita e limitada.
Os primeiros minutos de “The Miners’ Hymns” deixam-nos a salivar por mais uma obra arrebatadora do islandês, cada vez mais um nome essencial para o género intitulado de pós-clássica – a par, talvez, de Max Richter. De facto, ambos continuam a explorar a sua música de modo original através de comissões e encomendas para múltiplas disciplinas. Neste caso em concreto, Jóhann colaborou de modo muito próximo com o realizador experimental Bill Morrison (autor do fantástico “Decasia”) para documentar a vida de mineiros britânicos no norte de Inglaterra, desde os primórdios das gravações (de há quase 100 anos) até às turbulentas e universais lutas sindicais nos tempos da Sra. Thatcher, em 1984. Entre o grão desfeito das imagens de arquivo que Morrison tão bem domina, até às filmagens recentes que efectou na zona das minas, a música de Jóhannsson instala-se na perfeição – também ela viajando entre o classicismo erudito e o manto fantasmagórico electroacústico. Composto com uma ambição desmesurada para a sua carreira, um ensemble de 16 instrumentos de sopro impõem uma solenidade avassaladora como um lamento gigante que se funde com as imagens como a sua verdadeira banda sonora; o órgão da catedral de Durham liberta toda a sua espiritualidade; e um pequeno grupo de percussionistas trata de escolher as cores com que ouvimos “The Miners’ Hymns”. A electrónica, como sempre, é a cola quase invisível para tudo. Pode não ser um nome que apareça muito, mas, se quiserem, a sua real importância mede-se pela imponência desta obra. Ouçam e percebam a grandeza de ambos.
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