Editado originalmente em 2013, o quinto álbum de originais de Molly Nilsson tem direito a uma reedição depois de no ano passado a cantora ter voltado a surpreender com o belíssimo “Imaginations”. “The Travels” ainda revela o talento de Nilsson como nenhum outro longa-duração até à data, onde manipula e controla o espaço e o seu interior psicológico com um desembaraço raro e uma vontade extasiante de falar sobre amor e do seu processo de viagem. As viagens do título são viagens físicas e interiores, oportunidades fulgurantes de revelar estados emocionais e os seus processos. E no epicento está uma protagonist, Molly Nilsson, com um talento monumental.
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Música quente, analógica, o trabalho de Fred Ventura em 1980 e 1990 explorou as raízes norte-americanas do house e do techno. “Future Unknown” compila temas desse período que nunca viram a luz do dia – e que não haviam sido masterizados até hoje – e que revelam o esqueleto do trabalho de Ventura de uma forma muito crua e hipnótica: com o recurso a um Roland Juno 106, Roland JP-8p, Oberheim DX, TR909 e um sampler Akai. Música que hoje, quase três décadas depois de ter sido feita, ainda soa como algo vindo do futuro. As frequências eram diferentes então.
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O piano de Nils Frahm tem o poder de suspender a realidade. Discos como “Solo”, “Felt” e “Spaces” têm feito parte do nosso imaginário ao longo da última década e têm coordenadas para localizar a evolução do cruzamento entre a música clássica e contemporânea no século XXI, bem como a sua aproximação com a pop. A pop enquanto localização e estado de espírito. Para “All Melody” Nils Frahm ocupou o estúdio Funkhaus na Berlim do leste, estúdio mítico construído em 1950, e transformou-o numa casa onde permitiu que este disco nascesse e crescesse. Foram dois anos a construir a matéria de sonhos que agora se tem a oportunidade de ouvir. Matéria de sonhos porque “All Melody” é uma nuvem de melodia, enriquecida pelo de desejo de Frahm elevar a sua música a um estado que tanto serve a electrónica como soluções clássicas, criando belíssimas espirais que fazem lembrar algumas melodias de Robert Ashley a brincar com a candura de uns Múm. A erudição faz-se sentir em cada segundo deste álbum, até nas alturas em que o sentido pop de Frahm é accionado ao máximo e queria belíssimas epopeias sonoras: “Sunson” ou “A Place”. E rapidamente transforma o horizonte, nas belíssimas teclas que caem no ambiente de “My Friend The Forest” ou na revisitação a Jon Hassell em “Human Range”. Álbum que inflaciona com as sucessivas – e inevitáveis – audições e que é um ponto alto – mais um – na carreira do pianista. O título ainda por cima dá a indicação certa, mas não aponta para a saída deste “quarto mundo” de Nils Frahm. Delícia.
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O planeta Shadok mudava constantemente de forma e de vez em quando alguns habitantes caiam do planeta para fora. o planeta Gibi era liso como uma tábua e, quando mais habitantes se concentravam de um dos lados, o planeta inclinava-se para esse lado, provocando a queda por desequilíbrio de vários habitantes para fora do planeta. Era incomodativo viver em qualquer um desses planetas e os respectivos habitantes resolveram rumar à terra, que ficava no meio do céu. Esta é a premissa da história de base da série animada emitida em frança entre 1968 e 1974. Para comemorar o 50º aniversário temos agora acesso à banda sonora completa, um tratado sobre narrativa electrónica, numa época em que a BBC também investia em sons outro-mundistas para ilustrar imagens que se pretendiam futuristas. Em “Les Humeurs Geophysiques De La Planete Shadok” ouve-se uma paleta de música concreta, exemplificando como o planeta Shadok mudava aleatoriamente de forma. Regra geral, os assuntos de Shadok são tratados com recurso à manipulação electrónica. Por contraste, o universo Gibi é-nos mostrado através de música exótica, orgânica, abundante em sopros e cordas. Fascinante.
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Muito haveria para dizer sobre a cena de Frankfurt nos 90s. No entanto, basta focarmo-nos no que conhecemos para elevar a cidade ao panteão techno. Para resumir bastante, Atom Heart, Sven Väth, Jörn Elling Wuttke e Roman Flügel. Os dois últimos eram Acid Jesus e, mais tarde, Alter Ego (talvez já tenham intuído pelo nome da editora), e aqui estão reunidas 16 (no duplo LP) e 23 faixas (no duplo CD) absolutamente representativas não apenas da cena que acontecia na cidade mas de todas as interacções – e eram muitas – com o que saía de Inglaterra e de Detroit. A linha de baixo em “Jesus” não é fiferente do que LFO faziam para a Warp, na época, por exemplo. “Mulunga” reflecte Sweet Exorcist. Os ecos de piano em “MF 3″, a linha ácida na distância, reforçavam o padrão inglês para algo já mais germânico, um percurso que ramificou em hard trance até se perder nas mega raves que povoaram a Terra. Mas o valor de compilações como esta está precisamente na documentação de uma fase relevante, durante a qual se formou património. O que se estragou ter-se-á estragado mais tarde.
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“Blacid Storm” e “Acid Rant” foram alguns dos acids mais frescos que ouvimos em muito tempo. Esses dois EPs de 2016 foram seguidos pelo duplo “Acid Man”, que começa em pleno modo desafiador com “Go Jack!”. Acid jazz. O nome do artista e o título do álbum podem induzir em erro quem espera ácido directo, mas o que se passa aqui é um pensamento desvaiado em torno do som base. Muitos riscos são tomados para fazer isto funcionar mesmo no limite, na pista de dança. As 200 BPMs de “Infinite House” não são fáceis de digerir se estamos habitiuados ao passo mais sexy das 120 BPMs. No entanto, sem stress: tudo o resto é abaixo – às vezes bem abaixo – das 138, para aquele som drogado, com exvesso de palmas, que os fãs da Nation e de Traxx transportam na palma da mão com carinho. “Acid Man” é uma homenagem ousada ao Grande Som Ácido, aquele que nunca vacila, aquele que traz infinita novidade quando comandado por alguém com este nível de dedicação.
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Quinto álbum de originais de Franz Ferdinand, “Always Ascending” é uma procura fervilhante por um local onde a música da banda possa coexistir em 2018 com a sua vontade de criar um álbum mais dançável: algo que parece redundante, uma vez que a sua música sempre pendeu para aí no quadrante inesgotável de pertencer à herança dos 1980s. Menos pop-punk do que antigamente, encontram-se em “Always Ascending” entre o eterno dos Roxy Music e a pulsação dos The Psychedelic Furs enquanto comem uma tosta mista com os Happy Mondays.
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O segundo álbum de Rhye, Mike Milosh, explora a sedução de “Woman” aconchegado por uma manta. A interacção e o jogo de palavras, quase pessoal, intrusivo, que existia em 2013 continua a ter vida neste “Blood”, mas aqui as vozes e as palavras de Milosh vibram com os instrumentais mais analógicos, com a liberdade e a fluência dos instrumentos (principalmente do baixo) e a certeza de que existe aqui mais jazz (Ahmad Jamal, Miles Davis, Herbie Hancock) do que Sade. “Blood” é o disco de estúdio que Rhye estava a precisar, depois da surpresa e o galopar estonteante para o sucesso por alturas do primeiro disco.
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Cai Bem, refresco oficial da Cova do Vapor, feito à base de ginjinha, gasosa e sumo de limão, é também título do mais recente álbum de David Maranha, uma viagem que propôs aos músicos que aqui o acompanham: saírem da sua zona de conforto e tocarem instrumentos que lhes são pouco usuais. É um desafio “Strange Strings”, com David Maranha na bateria, Margarida Garcia no órgão, Manuel Mota no baixo e Miguel Abras a trabalhar fita, voz e uma caixa shruti. São duas composições de tensão, de suspensão de força e de uma aproximação ao drone numa estrutura de permanente cadência. O lado A é emblemático, encaixando psicadelismo e mistério com uma pujança primária, ouve-se os This Heat a manobrarem os Popol Vuh. Uma banda-sonora ideal para os melhores dias.
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Na capa lê-se Haruomi Hosono, Tetsu Inoue and Atom Heart. Naquele ano brilhante de 1996 (o catálogo da Rather Interesting foi revolucionário, nesse ano), a junção destes três nomes resultou num álbum de jazz disfarçado. A síntese conseguida entre um mundo exageradamente artificial e harmonias que parecem resultar de uma jam entre músicos ao vivo tem poucos paralelos. O ritmo serve de âncora à incrível rede de arranjos texturais. Diversas camadas de ambiente entram e saem da equação como parte de um fluxo que nos soa sempre natural. Regressando à capa, “Tokyo – Frankfurt – New York” (as bases de cada um dos músicos) parece espelhar “Penthouse And Pavement” dos Heaven 17, onde se lia Sheffield – Edimburgh – London. Se nada de óbvio liga os dois álbuns, talvez possamos inventar uma relação muito saudável com funk. Na verdade, “Funk Coaster” inclui a frase, repetida por uma voz artificial, “I am the funk master”. De novo, imperdível.
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Em 96, Uwe Schmidt e Tetsu Inoue já traziam no currículo três Datacide (“I”, “II” e “Flowerhead”), mas “Ondas” representa uma outra avenida, em consonância com a presença forte, na época, da exotica, lounge e easy listening na pop e na música de dança. Burt Bacharach, Les Baxter, Martin Denny e, até, a exotica pop de Brian Wilson (há aqui uma faixa chamada “Onsurf (Hello Mr. Wilson!)”. “Ondas” reinventa de facto a postura em relação ao revivalismo “easy”, não só através de uma certa distância digital que dá à música uma qualidade de miragem mas também reforça a nostalgia, que deixa de ser palpável como outros eram na época (crooners a imitar crooners ou secções de cordas a imitar clássicos) para se assumir mais abstracta e, com isso, universal. Além disso, as faixas, relativamente longas, são quebradas por diversos ambientes no mesmo espaço, mudando abruptamente de tom (“Holy Microwave” é um excelente exemplo). Álbum magnífico para escutar com rigorosa atenção, para aceder devidamente a um “mundo de prazer”.
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