Muito longe de “Make It Easy On Yourself” e “The Sun Ain’t Gonna Shine Anymore”, musical e cronologicamente. “Nite Flights” já parece em parte prenunciar uma fase seguinte de Scott Walker a solo, registada em “Climate Of Hunter” (1983), mas na verdade não é assim tão comparável. O álbum divide-se em três sequências, e é a primeira delas, as primeiras 4 canções no álbum, que nos prende. Uma secção rítmica mais intensa e compacta anuncia o que poderia quase ser um projecto de new wave, em consonância com a época, mas facilmente concluímos que estas 4 faixas existem num limbo maravilhoso na história da pop – não soam a Walker Brothers, não soam (excepto a voz) a Scott Walker, parecem de facto ser a abertura de uma nova coisa que, depois, não teve seguimento. “Nite Flights” é o último álbum de Walker Brothers e todos os três elementos da banda assinam faixas em separado. Se a maioria do disco soa, na melhor das hipóteses, como soft rock ponderado, as canções de Scott Walker, sob uma ténue sombra de David Sylvian e Japan (talvez só na canção-título), são clássicos de uma outra era. “Fat Mama Kick” (a segunda faixa) respira no seu próprio mundo. Incrível.
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Há muito, muito tempo que lamentávamos o desaparecimento que as reedições em CD do espólio RCA da Nina Simone, em formato cartonado, a imitar o LP, tiveram pouco tempo depois de aparecerem em 2005. Ainda assim, foi na época uma das mais queridas reedições que tivemos e foi um gosto sentirmos que a música da diva adquiriu outro formato para além das canções que se vão evaporando em anúncios ou filmes ou peças de teatro. Com uma extensa carreira de lançamentos, e até às reedições da RCA, os álbuns de originais foram quase sempre substituídos por compilações (há mais colectâneas que originais) que acabaram por juntar o óbvio a uma singela representação de tudo aquilo que Nina Simone gravou desde o final dos anos 50 – quase sempre circunscrito ao material disponível nessa editora. Na RCA, entre 1967 e 1974, deixou estes álbuns, depois de uma outra série na Philips que igualmente merece uma visita. Depois das tais reedições de 2005, que apareceram a preço simpático, eis uma caixa-forte que as engloba na totalidade – nove álbuns -, baixando ainda mais o valor unitário. Este é o negócio do ano, caríssimos: nove álbuns sublimes, alguns são obras-primas incontestadas, juntos com singles e outras raridades que ajudam a expor com mais exactidão um período soberbo da carreira de Nina Simone e, para quem ainda não percebeu, uma das vozes e compositoras mais extraordinárias e inclassificáveis do século passado. Essencial e, certamente, uma das reedições imperdíveis de 2012.
9CD: CD 1 “Nina Simone Sings The Blues” (1967) CD 2 “Silk & Soul” (1967) CD 3 “Nuff Said” (1968) CD 4 “Nina Simone & Piano” (1969) CD 5 “To Love Somebody” (1969) CD 6 “Black Gold” (1970) CD 7 “Here Comes The Sun” (1971) CD 8 (1972) CD 9 “It Is Finished” (1974)
“Em conjunto, correspondem a uma das mais desafiadoras e extraordinárias obras da canção popular americana da segunda metade do século XX. Não a conhecer é criminoso.” in PÚBLICO/ÍPSILON
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Há que mostrar respeito, se não amor, perante a juventude a irromper desta forma. Com desplante, mas sagaz, sem produção hi-fi (muitos sintetizadores distorcidos), mas a gritar ideias – simples e cruas -, sempre com flow eloquente e muito swagger. “The OF Tape Vol. 2″ é o lugar natural para se estar depois da mixtape (ainda a exalar a poeira do estúdio caseiro) editada em 2008 e do álbum a solo do honcho do colectivo, o precoce Tyler, The Creator. Um lugar não assente em solo plano e seguro – claro que não -, sem cercas, nem delimitações, mas com uma silhueta bem definida, consciente de si própria e decidida a celebrar-se. Sem quaisquer pudores e remorsos: “Then my dick went limp so took about three pills of Extenzo / Now my dick’s longer than a five door limo”. Os campos semânticos dos seus versos são infindáveis e vão de coisas prosaicas como dinossauros e sexo anal a problemas com os pais. As mesmas coordenadas do seu programa televisivo “Loiter Squad” , que fala também de queijo.
E aos 20 e poucos anos (alguns ainda nem aos 20 chegaram) já podem dizer com propriedade ”We got bitches / We got bitches / We got bitches / We got diamonds / We got cars”.